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O Desabafo de um educador que teme pelo futuro da Educação


Escola Municipal Joaquim Ribeiro - Inhaúma
Escola Municipal Joaquim Ribeiro: O lugar onde descobri minha vocação para Professor

O Desabafo de um educador que teme pelo futuro da Educação


Na minha época de estudante, qualquer professor, de qualquer disciplina tirava pontos por erros de português.  Era normal. Todos tiravam pontos por desleixo nas entregas, para que o aluno aprendesse a dar valor à qualidade do trabalho entregue. Ninguém se queixava por isso. Sabíamos que éramos responsáveis diretos pelas nossas notas, pois os professores eram respeitados como figuras de autoridade. E assim cresci, tendo em meus professores não apenas figuras de autoridade, mas de admiração e carinho. Lembro de alguns com carinho paterno, como o Professor Antônio Carlos, que me deu aulas de matemática, e de vida… 


Ainda me lembro vivamente quando eu DEMITI o Antônio Carlos (Isso mesmo, eu fiz a homologação deste professor anos depois, pois trabalhava na empresa que fazia o RH de uma escola particular onde ele trabalhava…). Olhei dentro dos seus olhos quando ele me disse: “Cara, a educação deste país está acabando. As instituições não querem mais professores. Elas querem figurantes para esse teatro dos horrores em que transformaram a educação. Nunca deixe de estudar e se, um dia, resolver - sei lá por que tipo de impulso doentio - ser professor, faça a sua parte. Rebele-se contra o sistema. Se você conseguir mudar a vida de apenas um aluno para melhor já valerá a pena. Estou orgulhoso por você”. Nunca, nunca na vida, esquecerei suas palavras: O sistema quer figurantes… Eu não sou, e não serei, um destes, Antônio Carlos. Obrigado por me alertar.


Eu fui alertado, mas decidi lutar pela Educação

Hoje, muitos anos depois, o impulso doentio de mudar o mundo me levou pelo caminho que era óbvio para um aluno problemático e questionador como eu. Me tornei um educador e sou MUITO APAIXONADO pela minha profissão. Mas esta é uma paixão ingrata. A educação no Brasil virou uma senhora que troca favores sexuais por dinheiro. Ela não ama ninguém, tira tudo que você tem e ainda ri de você na sua cara, por seu romantismo tolo. Mesmo assim, sabendo que ela se prostitui e se vende pelo cachê mais alto, eu ainda sou apaixonado por ela...

A prostituição da Educação e das Instituições de Ensino no Brasil
A imagem que melhor descreve a atual situação da Educação no Brasil

Hoje, como educador, sinto a cada trabalho ou prova corrigido o impacto brutal e covarde da educação básica no futuro da economia do nosso país. Jovens estudantes universitários que nem mesmo conseguem entender o briefing de um trabalho simples. E estamos falando de alunos de universitários de COMUNICAÇÃO!

Me pergunto quanto tempo estes alunos, ao chegarem ao mercado de trabalho, levarão para produzir de forma efetiva e independente. Colaborando para a economia das suas empresas e do país. E não é apenas na Comunicação ou Jornalismo que vejo isso, mas também no Direito, onde Bacharéis e Advogados (cuja diferença é apenas uma carteira de plástico vagabundo, cujo porte tem um custo anual escorchante, travestido de "anuidade associativa" e a "benção" de uma instituição caça níqueis, bancada por uma máfia obscura cujos principais figurantes são os grandes "figurões" jurídicos do país) cometem homicídios dolosos com agravantes contra nossa língua e muito mal sabem fazer uma operação matemática de proporcionalidade, indispensável para determinar indenizações, heranças ou partilhas de bens, por exemplo. Mas pra que fazer contas, né? Quem faz conta é Contador. E assim, segmentamos cada vez mais, empurrando para o outro a responsabilidade pela educação que não temos. Quanto tempo ainda será necessário para o colapso econômico por completa incapacidade de produção derivada de uma educação cada vez pior?


E eu estou falando de alunos universitários. Se formos falar de ensino médio ou educação básica, as coisas pioram. MUITO. As escolas perderam sua essência. Os professores, em sua maioria, não são respeitados pelos alunos e pais, transformando-se em fantoches, domadores de feras. Os alunos não tem mais temor de seus professores, porque o poder dos professores residia, colateralmente, no temor dos pais, dos castigos e das palmadas. Uma vez que o Estado tirou dos pais o pátrio poder, não há mais freio para os impulsos destrutivos dos jovens. Sim, acho que temer a autoridade não é um problema. Não concordo e nunca concordarei com agressão gratuita e espancamento, mas umas palmadas vez por outra nunca mataram ninguém. Eu que o diga. 

A inversão de valores em que nossa sociedade está submersa está transformando a missão de ser professor em punição!

Respeito e Disciplina se aprende em casa. E se leva pra vida!

Se o aluno não respeita os pais, não respeitará os professores e, logo, não respeitará nenhuma outra figura de autoridade, até cair na mão da polícia, que vai ensinar-lhes direitinho a respeitar a “otoridade”, com meia dúzia de tapas na cara. Aí, os pais vão se perguntar “Onde foi que eu errei?”. Eu te respondo: Você errou ao tentar comprar o amor e o respeito dos seus filhos com presentes ao invés de presença. Você errou em não dizer “não!”.


Cabe aos PAIS o DEVER de Educar seus filhos, o que inclui a responsabilidade de dizer "NÃO" quando for preciso!

Amar é educar e disciplinar. O grande mal das novas gerações é que seus pais, por peso na consciência de não estarem presentes, por estarem ocupados demais correndo atrás do tal “sucesso”, lhe encheram de presentes, compras, mimos… Eles ensinaram para seus filhos que amor se compra, sim. E, com isso, não lhes disseram a palavra que melhor representa a disciplina e o mundo real: “Não”!

No mundo real as pessoas estão pouco interessadas com sua autoestima ou amor próprio. Não é não, e você que se dane. Vão puxar seu tapete. Vão detonar seu trabalho. Você não é melhor que ninguém lá fora e não adianta encher seu currículo de siglas, Pós graduações e MBA’s se você não aprendeu que na vida real, as pessoas não ligam se você estudou na PUC ou no Brizolão… Educação não tem nada a ver com seus diplomas, tem a ver com seus valores. Isso não se compra! E não é porque você teve uma boa educação que isso significa que o mundo vai se curvar aos seus pés. Não. Você não merece NADA e o mundo não te deve NADA. Trabalhe, cresça, construa uma história e talvez, um dia, você seja reconhecido pelo seu trabalho apresentado, não pelos seus diplomas e certificados.

Se você é meu aluno(a) este recado é pra você: Eu não vou facilitar a sua vida. Eu vou obrigar você a se tornar melhor!

E assim, como uma tragédia anunciada pelos meus professores na década de 90, a educação vai sendo sucateada e maquiada. Corrige-se os efeitos de um governo corrupto e daninho com cotas, institucionalizando-se o preconceito e o racismo, dividindo os seres humanos em classes e raças, criando disputas e inimigos que não existem. O verdadeiro inimigo usa terno e gravata e está no poder graças à você, que não tem educação porque este mesmo inimigo sabe que povo educado não elege político corrupto, porque povo educado não se corrompe.

O que faremos pela nossa Educação, e por conseguinte, pelo nosso País?

E pouco a pouco, nosso país afunda, chafurdando em engodos e lindas campanhas publicitárias do governo, que insistem em esconder o óbvio: A educação no Brasil fracassou… Perdemos, no mínimo, 3 gerações de jovens. Isso é uma tragédia social. É pior que um ataque nuclear de dimensões continentais. Até quando nós, que escolhemos a nobre missão de educar, sofreremos em silêncio, por perceber que o plano de instituir uma idiocracia no nosso país está funcionando perfeitamente, como planejado pela corja política que assola nosso país como um câncer maligno que se espalhou pelo corpo de um paciente agonizante?

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Item Reviewed: O Desabafo de um educador que teme pelo futuro da Educação Rating: 5 Reviewed By: Renatho Siqueira